28 de março de 2010


You. É pra começar te dizendo que você mudou a minha vida e eu acho que essa vai ser uma grande confissão. Desde o primeiro dia, da primeira conversa e da primeira madrugada, desde a primeira ligação e dos primeiros segredos divididos eu sempre suspeitei de mim mesmo por estar acreditando que você podia ser real. E o que mais me assusta é o quanto eu estou assustado por gostar de você. Porque sozinho a gente fantasia muito, e eu tenho muitos problemas com solidão e sonhos, e eu sempre achava que talvez tudo não ia passar, como quase tudo na minha vida, de um grande mal entendido e que você ia dizer que era só mais um grande amigo ou então ia chegar um dia pra mim dizendo que estava muito a fim de alguém ou apaixonado por alguma pessoa que não seria que eu esperaria que fosse, como sempre acontece comigo. E aí tem uma espécie de segredo que eu ainda não consegui desvendar, porque eu estou há alguns meses trabalhando no mistério que é você, na tua complexidade implacável, na tua postura de hombridade e doçura, tua forma leve e compromissada de encarar o mundo e a tua assistência irrestrita com que você nutre algum tipo de sentimento bom. Eu acho que você é muito surreal porque eu nunca tinha ouvido uma voz tão linda, e encantadora, e bonita, e eu fiquei sorrindo sem saber o porquê durante dias depois que eu a ouvi pela segunda vez. Teve um dia também, e eu sou imensamente grato por isso, que eu acordei lá naquele lugar onde o vento faz a curva, e você tinha mandado um sinal doce e matinal de vida e você não tem idéia do quão especial e do quão importante foi ter você por perto quando eu mais precisei. Pode ser que isso seja só efeito desse meu jeito romântico e escancarado de colocar as coisas pra fora porque você já deve ter percebido que eu não sou daquelas pessoas que escondem tudo pra sempre. Eu queria te dizer que você é muito especial e que eu estou de quaresma por tua causa e que depois que você apareceu no meu caminho eu experimento uma espécie de tranquilidade e calma que eu nunca tinha conseguido sentir, e por mais que essa tenha sido uma batalha minha eu só tenho conseguido triunfar por tua causa, e é por você que eu escrevi essa confissão porque só você tem me dado vontade de dizer pro mundo o que eu estou sentindo, e isso não acontece assim há tempos, e eu não vou retirar nunca nada disso do que está posto e escrito porque você merece tudo de mais especial e lindo e feliz porque você é fabuloso, e eu te espero o tempo que eu tiver que esperar porque desde que eu te li pela primeira vez eu achei, e depois tive certeza,  que igual a você não há.

13 de março de 2010




Era pra começar com um castelo, algo como que um príncipe, e uma princesa, e uma cerimônia real farta e luxuosa mas não vai passar da menção. Tem alguma coisa a ver com individualidade, uma espécie de sentir que desafia você todo dia naquela atividade uma vez sugerida, e sempre cumprida, de nomear tudo num ritmo frenético e de não racionalizar as coisas ao mesmo tempo. Hoje eu me senti sozinho. Às vezes me sinto na verdade. E eu acho que pode ser que a gente se vicie em se machucar, solidão pra mim dói como agressão, e me parece uma resolução não-voluntária, a qual sempre acaba com você no médico, na farmácia, no telefone, ou no computador escrevendo e-mails que jamais deveriam ter sido enviados. Nada me faz crer que não existe sempre alguma coisa ausente e eu acho que amar é uma doença, tipo síndrome sem cura. Naquele dia o céu estava azul porém não limpo, e apesar daquelas nuvens todas tinha alguma coisa muito fora do lugar ali, eu sinto que é como quando você abre alguma coisa, um presente por exemplo, e não encontra aquilo que esperava. E pesa dentro porque você não consegue se disciplinar ao ponto de esquecer essa droga de expectativa que algum dia alguém te vendeu como ter esperança e você guardou e não aprender a jogar fora e agora ela se enraizou em você e sempre te faz esperar por aquilo que você deseja - e é só. Eu não queria ter expectativas porque eu não sei lidar com frustrações. E eu ainda acho que amor a gente tem vontade de entregar porque mesmo que seja algo do campo do contagioso dá muita vontade de dividir com alguém  aquilo que transborda de dentro de você e te faz sentir bem por alguns instantes. E esse é aquele em que eu confesso que sempre sonhei em ser príncipe mas acabei sendo, só e apenas e sempre, fadado a amigo deles.