27 de janeiro de 2017

 mais ou menos

menos sonhos
 mais realidade
  menos fantasias
   mais concretudes
    menos esperanças
     mais resignações
      menos poesia
       mais análise
        menos empenho
         mais letargia
          mais saudade
           menos presença
            mais eclipse
             menos futuro
              mais presente
               menos passado
                mais menos
                 menos mais

22 de dezembro de 2012

Eu sempre tive medo de ser feliz amando. Desde sempre acreditei que eu não merecia o exercício dessa felicidade. Um dia, enfrentei com o destemor dos inocentes os muros construídos por mim mesmo que me impediam de amar. Descobri que a imensidão do sentir não tem limites. E aí o destino me trouxe você. Apresentou-me uma pessoa incrivelmente especial. Como uma estrela rara encapsulada. Naquele momento alguma coisa mexeu comigo. Foi como se eu tivesse enxergado que havia uma luz presa no interior daquela gema preciosa. E aquela luz pulsava e brilhava numa intensidade tal, que fui compelido a libertá-la. Lutei com afinco para vencer todas as defesas que prendiam a estrela no interior do cristal, enfrentei tempestades, redemoinhos e nevascas, e consegui abrir o segredo que a enclausurava. Hoje percebo-me iluminado pela luz estelar, e ao mesmo tempo em que explodo de felicidade, sou tomado por aquele medo repetido. Meus fantasmas dizem que não a mereço, que por ser quem sou não posso ficar com ela. Talvez seja por isso que sempre pedi pra você: -Fica comigo. Eu preciso de ti porque só você pode me ensinar a largar da borda. Eu preciso de você porque eu me encontrei em ti. E tenho certeza que você me faz bem. Neste instante eu queria te agradecer profundamente por cada segundo de cada minuto de cada hora. Te dizer que sou uma pessoa incrivelmente melhor desde o dia em que passei a estar contigo. Muito obrigado por ter vindo me encontrar. Por ter largado da borda. Por enfrentado valente e corajosamente o desafio que é amar. Agora é chegada a hora em que preciso de você. Preciso que você me ensine a vencer as corredeiras. Que você me oriente a percorrer as esquinas. Que você me ajude a vencer os meus fantasmas com a tua luz. Pega na minha mão quando você também não souber o caminho e vamos descobri-lo juntos. Ensina-me os percursos que já sabes porque eu sou teu. Uma vez eu disse, e hoje repito: não quero mais imaginar a minha vida sem você. Eu te amo tanto que cheguei à conclusão que fazes parte de mim para sempre.

9 de julho de 2012

Amar é isso. É não sentir limites pra mais nada. É correr as lágrimas sempre presas. É permitir vida onde só havia morte. É uma espécie de liberdade sem fim. É como se você deixasse para trás todas as máscaras as sombras e os medos que te encarceravam. Amar é ficar nu. Irrevogavelmente translúcido. Transparente numa espécie de vulnerabilidade consentida. Eu queria que você soubesse que eu te amo. E que isso faz de mim uma pessoa incrivelmente melhor. Você me devolveu a vontade de viver. Você me concedeu poderes que eu nunca tive. E hoje eu me realizo com o simples fato de pensar na tua existência. É uma espécie de lucidez extremada indefinível. E me faltam palavras, agora, pra descrever a imensidão do que me fazes sentir. A grandeza que você me provoca. A apoteótica e celestial febre de sentimentos que me acomete quando estou contigo. Você é minha paz. Meu espírito. Meu refúgio. O caminho por onde a ponta do dedo aponta o futuro. Você é a felicidade empenhada no grito. E eu vou lutar, incansável e ardorosamente por ti. Não vou largar da tua mão, porque eu preciso de você ao meu lado. Espero poder te realizar como você me realiza. Eu quero que você saiba que há meses todos os meus sorrisos meus sonhos e minhas esperanças são teus. E não há nada que me furte, neste instante, a te afirmar que eu sou teu. Obrigado por existir. Te agradeço por cada segundo de cada dia, por cada letra de cada linha; e por teres tido a coragem, nobre e honrosa, de lutar por ti mesmo, por mim, e por nós. Confesso, por derradeiro, que tenho um desejo, último: conseguir, algum dia, de forma absoluta, te fazer ter certeza de que nós sempre vamos ter valido às penas, todas. Eu queria que você soubesse que eu nunca vou te esquecer, e que a partir de hoje você faz, de modo inexorável, parte de mim. Para todo o sempre. 

21 de junho de 2012

Eu preciso que você fique. Eu preciso que você escolha permanecer porque eu gosto de você. E gostar, pra mim, significa agir. Ninguém que efetivamente gosta fica em abstrato. Gostar é imprimir, em atitudes e gestos, ações e iniciativas, tudo aquilo que você mais quer entregar ao outro. E eu quero te dizer que eu estou me entregando. Que eu estou me lançando. E que me coloco, deliberadamente e em caráter irrevogável, à tua disposição. Eu quero que você fique porque eu preciso de você. Preciso que você acredite em nós. E mim. E em ti mesmo. Acreditar significa, em alguma instância, que ambos precisamos nos vencer. Eu desejo, sinceramente, que você consiga elaborar todas essas coisas inéditas e inesquecíveis que vem acontecendo contigo. E que você tenha toda a coragem e a ética necessárias pra viver aquelas perguntas todas, que desafiam, a cada instante, os teus limites. Eu gosto de ti porque você conseguiu mexer comigo. Porque você me despertou. Eu preciso que você me escolha, assim como eu te escolhi, porque só quando a gente faz as coisas de coração é que a gente consegue chegar mais perto daqueles respostas. Então vem comigo. Eu queria que você tivesse certeza que dá pra vencer todos esses limites e esses medos e chegar do outro lado da piscina a salvo. Eu prometo te ajudar onde não der pé. Mas pra isso eu preciso que você largue da borda, que você procure nadar mesmo que os outros estejam olhando, e aí, sem perceber, quando você se der conta, estarás inteiro, terás chegado lá, e todos estarão orgulhosos de ti. Fica comigo porque eu gosto muito de você. E eu preciso, corajosamente e por inteiro, de ti.  Era pra ser segredo, mas eu confesso: já não quero mais me imaginar sem você comigo.

27 de abril de 2012

Vinte e três de abril e lá se vão dois anos. Eu sei que você não se recorda mais de mim na intensidade com que talvez eu me lembre de ti. Que eu fui só mais um dentro os outros todos. E que felicidade é mais simples do que se pensa. E eu queria te dizer que eu sei disso tudo. E a despeito de sabê-lo, ainda guardo, no fundo de mim, um baú cheio daquele amor que te empenhei. Confesso que venho tentando, apesar dos votos de eternidade, com cada vez mais afinco, quebrar o cadeado com que guardei minhas reservas de amor, mas não tenho tido êxito. Dia desses me propus a atravessar madrugadas em busca da chave. Atravessei estrelas, ventos, ondas. Na semana seguinte, me permiti colher desejos, toques, sinos, sonhos, fui par da juventude que não envelhece nunca. E apesar de todos os meus respeitos e minhas buscas, não encontrei a referida chave. Tenho pensado que talvez me reste uma chance, última. Se ela está perdida para sempre, quem sabe seja a hora de confeccionar uma chave-mestra. Que possua o segredo da trava. Que consiga escancarar o fecho, desenlaçar o bloqueio, libertar o tesouro que guardo no fundo de mim. E quem sabe eu não precise de ajuda alguma, como você bem tentou me dizer. Estou a caminho do encontro com o chaveiro que vai me acompanhar nesse trabalho, último, de acesso ao agora homem que me tornei.

26 de março de 2012


Quando era pequeno beijei uma menina escondido no pátio de meus vizinhos, e fui flagrado. Meus cabelos são incontinentes em sua rebeldia. Não há corte, penteado ou jeito que os amanse, parecem com as nuvens dos céus que eu sempre procurei perscrutar: indomáveis, insanas, incessantes, incontroláveis. Quem sabe tudo não tenha começado naquela advertência no jardim. E hoje se desenrola nesse homem que não se encaixa. Que entende que não é simétrico o suficiente, que não possui os dotes que deveria, e que, aprisionado em suas formas carnais, não encontra amparo nas aprovações que tenta construir para si. Aquela menina do beijo hoje parece à minha frente, realizada por escolhas e conjeturas, está emoldurada em caminho semelhante ao meu mas diametralmente oposto. Àquela época, com candura, fui presenteado por ela com um microfone, rosa. Acho que eu fazia 5 ou 7. E essa é a primeira vez que uso números por aqui. Tamanha é minha congestão mental deles. Estou tomado por algorítimos que me cobram, exigem, que me prensão em uma parede que não é táctil. É da ordem daqueles elementos que determinaram que meus fios de cabelo seriam ariscos, meu rosto redondamente incômodo, e minha pele erupta. Minha vida é uma guerra sem intervalos, uma batalha sem descanso, uma espécie de corrida onde cada passo dado significa. É como se eu vivesse dentro de um eterno tornado em colapso. Sedento por levar ao chão os retratos, os desejos e as histórias lindas pregadas nas paredes que algum dia autorizaram que eu deixasse de viver por mim. 

10 de fevereiro de 2012


Eu preciso de um resgate. Um anjo que me jogue cordas ou uma boia grande pra eu me segurar. Talvez uma escada firme pra eu ter por onde subir. É como se eu estivesse dentro de um labirinto de cercas-vivas gigantes. Rodeado por caminhos entrecortados, monstros nas sombras, sem saída olhando pra um céu que é o único espaço aberto. Sinto meu coração divergente, plastificado, como uma pele recém-curada temerosa por novas lesões excruciantes. Tenho medo de romper abismos. Como se abandonar o passado que já se foi fosse algum tipo de provação ainda não experimentada. Me sinto inocente. Me recrudesço. Me enclausuro vitimizado. Parece uma sina elástica que não te deixa seguir em frente. Uma ciranda macabra que te aprisiona. Um cárcere de grades livres que você se inventa. Eu queria um mapa aberto. Um guia solúvel de como sair de mim. A liberdade me apavora por não saber estar com ela. Não sei se vou conseguir transpor as montanhas pra estar contigo um dia, e isso me angustia. Sou uma grande angústia encapsulada. Uma represa de tristeza sempre transbordante. E enquanto me ridicularizo por me metaforizar continuo me escondendo, não sei se feito criança assustada ou homem covarde, fugindo de seus próprios porões, dores latentes, de minha eterna incapacidade de me assumir vivo

9 de dezembro de 2011


Hoje eu encontrei com teu pai na rua. E foi como se eu me encontrasse com um pedaço de você. Naquele momento meu coração acelerou, eu comecei a transpirar loucamente, e meu cérebro foi invadido por um turbilhão de memórias incessantes, que convulsas, me fizeram aconchegar por alguns instantes nos ombros daquele que representa tanta coisa boa pra mim. Porque você me representa tanta coisa linda, que essa nota me arrepia, e talvez seja isso que eu não queira deixar pra trás. É como se ao admitir que você se foi, eu pareça estar admitindo que nunca mais voltarei a ser feliz, como se meu único modo de ser feliz fosse com você: ao teu lado e na tua companhia. Em verdade, confesso que nunca tinha sido tão feliz quanto fui contigo, e que tenho esperança de algum dia vir a ser tanto ou mais do que fui, mas fato é que ainda não consegui. E talvez esse seja o maior desafio da minha nova vida. Aprender que eu posso ser feliz com o que ficou de você aqui dentro. Com o que resta de ti em mim. Com cada uma daquelas coisas que te ensinei e que me ensinaste. Estou repetido há meses nessa sina, nesse signo, nessa senda que é você. Não te esqueço e acho que não vou te esquecer. Mas eu queria que você me desejasse boa sorte, e que agradecesse ao teu pai pelos abraços carinhosos e solidários que ele me ofertou hoje. Inquestionavelmente eles foram lindos, e aconchegantes, e me fizeram feliz, me levando a escrever esse texto agora, pra dizer a mim mesmo que eu posso, que eu preciso, e que eu vou aprender a viver com o teu eu que vai morar pra sempre dentro de mim. 

30 de outubro de 2011

Isto é uma confissão às avessas. Minha alma padece de um tipo de doença que não tem cura. Não existe soro do esquecimento ou prática imunizatória à carência de você. Estou acometido por uma desnutrição severa da alma, tão poderosa a ponto de aniquilar qualquer tentativa de socorro que tenho tentado, há meses, operar. Não reconheço mais meu espírito no espelho porque tua alma deixou rastros inocultáveis por sobre ele. Você esqueceu de me avisar que os teus desenhos são inolvidáveis, que tuas palavras são inapagáveis, e que teus toques são irremovíveis de qualquer memória. Fui condenado à pena perpétua de te amar sem direito a contraditório e ampla defesa; e hoje, passada a paixão, me sinto como um dependente químico reincidente, contumaz e falível no desejo por você. Estou rendido às tuas lembranças como um algoz para com a execução de um condenado. Não tenho mais forças para lutar. Minha dependência emocional me declarou vencido pelo tempo, e só me resta contemplar a vida passando pela janela, como um exímio condenado à espera da morte, que cedo ou tarde, como o grande amor de nossas vidas, sempre vem para nos fazer partir.   

25 de setembro de 2011


Eu sonho todos os dias com o teu cheiro. Eu sinto tua presença sempre comigo. Eu não esqueço da tua respiração lenta ao dormir. Do arrepio da tua pele com o meu toque. Dos nossos enlaces na tua cama. Eu me inebrio com o prazer que você me entregou. E me regozijo com o prazer que te fiz sentir. Eu contemplo as palavras que me escreveste. E me orgulho de cada vírgula que te proferi. Eu sucumbo a cada sonho que desenhamos, e aprendo sempre com cada desafio pelo qual passamos. Me sinto compelido a te revisitar sempre que me dou por mim, e que recobro a consciência da minha dimensão. Você é infinito pra mim. Existe alguma coisa que transcende a mera normalidade naquilo que eu sinto por ti. Não é o teu corpo, não é a tua beleza, não são as tuas perfeições. São as tuas particularidades, as tuas vontades, os teus ímpetos, teus desencontros, tuas inspirações, é aquela força criativa intensa e incessante, é o carinho transmutado em amor, são os pequenos recortes de frases soltas, de palavras rabiscadas em lápis, de cubos ao cubo elevados à enésima potência. Ninguém mais me encanta, ninguém mais me arrepia como, ninguém mais me interessa tanto, ninguém mais me captura como você. E eu confesso, com todas as letras e linhas, que embora não tenhamos sucesso em ficar juntos, existe algo de inafastável nesse condição cósmica que me leva a crer, que podemos, sim, quem sabe, às vezes, ser para o outro quem realmente somos, sem máscaras, truques, temores ou dor. Só prazer, amor, suavidade e força, na nossa proporção, do nosso tamanho, na nossa intensidade celestial.