10 de fevereiro de 2012


Eu preciso de um resgate. Um anjo que me jogue cordas ou uma boia grande pra eu me segurar. Talvez uma escada firme pra eu ter por onde subir. É como se eu estivesse dentro de um labirinto de cercas-vivas gigantes. Rodeado por caminhos entrecortados, monstros nas sombras, sem saída olhando pra um céu que é o único espaço aberto. Sinto meu coração divergente, plastificado, como uma pele recém-curada temerosa por novas lesões excruciantes. Tenho medo de romper abismos. Como se abandonar o passado que já se foi fosse algum tipo de provação ainda não experimentada. Me sinto inocente. Me recrudesço. Me enclausuro vitimizado. Parece uma sina elástica que não te deixa seguir em frente. Uma ciranda macabra que te aprisiona. Um cárcere de grades livres que você se inventa. Eu queria um mapa aberto. Um guia solúvel de como sair de mim. A liberdade me apavora por não saber estar com ela. Não sei se vou conseguir transpor as montanhas pra estar contigo um dia, e isso me angustia. Sou uma grande angústia encapsulada. Uma represa de tristeza sempre transbordante. E enquanto me ridicularizo por me metaforizar continuo me escondendo, não sei se feito criança assustada ou homem covarde, fugindo de seus próprios porões, dores latentes, de minha eterna incapacidade de me assumir vivo