23 de agosto de 2010
Um raio de luz atravessou todos os vidros opacos e cinzentos e escuros e sujos e borrados e penetrou por todas as barreiras e encontrou um espelho. O espelho acordou com aquele choque de fótons incandescentes e rápidos e dourados e brilhantes e em fulgor e então refletiu como que automaticamente para todos os lados daquele cômodo fechado e enclausurado e hermeticamente isolado desde sempre. As paredes sombrias e enegrecidas pelo vazio e pela ausência de claridade passaram como que num passe de mágica a se desmanchar como que fumaça ao vento e então os vidros e as janelas, inteiras, foram desabando ao chão como papel picado no ar, e o espelho atingido pelo raio via a intesidade da força da luz aumentar e então o que era um raio passara a ser um feixe e o feixe se fez turbilhão e tudo passava a ser plástico e plasmado e fluido e já não havia mais espelho nem origem da luz porque tudo era claridade e calor e intensidade e força e carinho. E então ele acordou e sentiu que continuava sonhando, tomando consciência da realidade ele percebeu que o raio de luz era corpóreo e ele, o espelho, carne, e que havia alguma coisa presente, e não ausente, suspensa ao seu redor e que tinha laços, invisíveis, que o enredavam por completo, e essa rede intangível lhe dava a sensação de conexão mais libertária que ele já havia sentido. De dentro do seu coração partiam pulsões vívas e vívidas e vibrantes que percorriam todas as linhas imaginárias e acabavam por desaguar na foz de um outro coração ainda mais quente e nobre e vermelho que batia como que num ritmo celestial e que lhe devolvia a energia numa ciranda elíptica e eletrônica que era inintelegível, e assim, num movimento incessante e avassalador de luz e amor e dourado ele já não era mais matéria nem energia nem calor e só havia som e amor e tudo era uma essência disforme e densa que condensava e em espiral descia para habitar o formato recortado e solene e sofisticado de uma coroa destinada a tornar majestade um rei.
18 de agosto de 2010
Eu queria te dizer que tem que ter paixão. É como quando você descobre que sabe fazer alguma coisa bem, e que aquilo te realiza, e então você não para mais de ter vontade de repetir e de se aperfeiçoar. Eu queria te dizer pra você não ter medo nenhum, porque quando a gente ama de verdade não existe nada que pode nos atingir. O amor é uma espécie de escudo-vacina, uma proteção mágica que te encanta e te percorre e te envolve de um jeito que você se torna invencível. Só que ser implacável não basta, existe alguma coisa ainda mais secreta e essencial pra ser entendida e descoberta. Eu queria que você soubesse que eu acho que descubro você todo dia. E esse sentimento de conquista e desbravamento é uma das melhores experiências que qualquer um pode ter, porque a felicidade de encontrar todo dia um tesouro é algo da ordem daquilo que não se denomina. Eu queria acrescentar ainda que todas as minhas palavras ausentes são tuas, e que como eu não posso ir ao céu buscar a estrela mais cintilante e bonita pra te presentear, eu espero que você aceite a minha coroa simbólica, feita de letras e frases e poesia e cravejada de amor.
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