28 de agosto de 2011

Tem uma nota de piano na música que eu escuto, e eu nunca tive a oportunidade de aprender a tocar um. Hoje eu chorei pela primeira vez desde que nos deixamos, lá atrás, no começo do outono. E pela primeira vez consegui vencer meio bloqueio psicológico que me impedia de sentir minha alma. Me senti humano outra vez, sensível, estimulável, doce. Eu li as cartas que você me escreveu, contemplei as fotos que você me entregou, e lembrei, por um momento, de todo o amor que você me fez sentir, de toda a aceitação que você me concedeu, de toda a proteção que você me deu, e de todo o desejo que você investiu ao me escolher. E eu lembrei que eu também te escolhi, porque nunca toquei ninguém como te toquei, porque nunca beijei ninguém como te beijei, e porque nunca mais senti nada parecido com aquilo que você me fazia sentir. Na caixa onde guardo as coisas mais preciosas que tenho tem uma foto tua, de quando eras criança, tirada na França, e tem vários corações nela. Eu queria te ligar hoje, dizer que eu sinto saudade e entendo que precisamos ficar separados, porque não é o momento para estarmos juntos, mas não consigo. Acho que é um contato desnecessário porque pra mim, você parece estar muito bem, e eu não quero de forma alguma mexer naquilo que você conseguiu construir pra você. Nessa tarde o sol se colocava como quem partia deixando rastros, memórias, marcas indeléveis como as que deixaste em mim. E apesar da vontade de estar contigo, e do desejo por sentir tudo aquilo que fazias eu sentir, eu só queria que você soubesse que sim, eu aceito me casar um dia com você, e que sim, podemos morar juntos e ter quartos separados, e que se algum dia isso acontecer, eu estarei pronto pra fazermos tudo aquilo que um dia sonhamos juntos que iríamos realizar. Sou eternamente grato à sorte surpreendente que um dia me levou a você. Te amo.