30 de outubro de 2011

Isto é uma confissão às avessas. Minha alma padece de um tipo de doença que não tem cura. Não existe soro do esquecimento ou prática imunizatória à carência de você. Estou acometido por uma desnutrição severa da alma, tão poderosa a ponto de aniquilar qualquer tentativa de socorro que tenho tentado, há meses, operar. Não reconheço mais meu espírito no espelho porque tua alma deixou rastros inocultáveis por sobre ele. Você esqueceu de me avisar que os teus desenhos são inolvidáveis, que tuas palavras são inapagáveis, e que teus toques são irremovíveis de qualquer memória. Fui condenado à pena perpétua de te amar sem direito a contraditório e ampla defesa; e hoje, passada a paixão, me sinto como um dependente químico reincidente, contumaz e falível no desejo por você. Estou rendido às tuas lembranças como um algoz para com a execução de um condenado. Não tenho mais forças para lutar. Minha dependência emocional me declarou vencido pelo tempo, e só me resta contemplar a vida passando pela janela, como um exímio condenado à espera da morte, que cedo ou tarde, como o grande amor de nossas vidas, sempre vem para nos fazer partir.