30 de novembro de 2008


Ahh, como havia sido esse tempo todo, o que havia sido esse ano que escorria agora. Eram os últimos dias, as últimas semanas, e tudo havia sido como era pra ser daquele jeito meio mistificado e real-cruel que ele conhecia. Que caminhada havia sido, que aventura, que travessia, que tempestade. Que funda foi a descida, que longa era a subida, quantos intermináveis e espinhosos infinitos degraus, quantas lágrimas, soltas, caidas, quantos dias de luto, de morte, de agressão, quantas conversas de dor, de aparência, de tentativa de parecer sentir. Não adianta fingir, não há enganar, só há você, só e sempre. E era ele, que estava vendo o dia amanhecer, não como naquele dezessete de agosto, não era êxtase e paixão na veia, era perplexidade, paz, e riso, era uma mistura de uma sensação que agora era possuida por ele. Era como se a costura tivesse sido terminada, como se o último ponto, o decisivo, o definitivo, o ponto do nó tivesse sido dado. O mesmo azul da praia, o mesmo perfume do amor, o mesmo sorriso da daniela, e apesar de tudo isso, que era everything, ele não sucumbiu, ele sentiu ciúmes, sim, entretanto talvez de amizade quem sabe, e a vitória se fazia raiva que edificava postura, rosto, independência da escravocrata relação auto-instaurada. A curiosidade venceu o medo, o gato saiu pra noite, pardo, e voltou novo, castanho azulado, confiante.
Nada de muita coisa que ele havia achado tinha sido, e as surpresas eram muitas, as certezas mais, e do nada se fez a vontade, pena que o ventura não estava. Gigante como o grito preso de uma vida, de dizer o que pensa, de desejar o que sente, de brindar esse viver tão incompleto porém tão cheio de agoras possíveis, perpassados, transcendidos pela passiva omissão neglingente dele. Ah, como tinha sido legal, assim, tanto quanto uma festa de quinze anos do passado, ou um passeio no parque de diversões que ele tanto desejava e havia sonhado. Som, música, luz e olhares. Muitos, e quantos, e que lindos, olhares mil, rostos muitos, beleza, sorriso, brilho nos olhos, mágica da vida, lustre de brilho diverso. Sem definições passo adiante, o que não mata engorda, tudo que vem vai, e a escada que parecia infinita terminava um dia. A fantasia é a gente que faz, a gente que cria: quanta imaginação que fez sofrer. Bobão ele, agora o riso é sorria, e sentia a paz e o sono chegando. Agora era o mais, a hora do sentir alvorecia, folha limpa, dias que escorrem, cronômetro que reinicia, futuro que aponta, disponta, possível, incerteza daquela delicia com sabor de felicidade.
Passa, tudo se vai, e assim como, chega, no seu tempo certo. Dia vinte e nove de novembro. Eram especiais, e esse então exemplar raro, daqueles que inauguram eras, descortinam reinos, abrem passagens, vislumbram o passo, apresentam linhas, traçam caminhos. Vontade de mais dias assim, mais desse som, dessa sensação, dessa confiança que surpreendeu, isso, muito mais vida pra matar a fome de viver - que é, sim, muito melhor que sonhar. Desejo de olho no olho, bem fundo, mergulho na alma que habita o céu que abarca sua vontade de desejo. I wish more wings to fly.

Um comentário:

Malu Rovaris disse...

you have all the wings that you want.

hoje tava andando por essa ilha isolada e ensolarada de deus - que floripa muito bem é, nós sabemos - e vi que tudo pode ser tão bom quanto nós queremos e fazemos por.

que muitos dias lindos te encham de amor, prazer e leveza, meu amigo.

te adoro.