1 de novembro de 2008

É parcial.
Ele sentiu nojo deles hoje, uma raiva boa, quando caminhando sozinho como ele é e sempre fora, viu por alguns instantes o ex-amor, junto com pessoas as quais ele sempre quisera gostar, e naquele momento a razão concedeu certeza de que apesar de tudo de bom que ele havia feito pra ele, havia muito proeminente o mal, a forma com que fora tratado mal, com que agiram mal, e que tinham impropriedades muito salientes -sempre tiveram-, porém nunca pelo sentimento avassalador de antes, ele conseguia perceber, tatear, sentir, e principalmente permitir perceber como era.
A forma com que agiram com ele era a de um vento que soprando machucava e ele anestesiado (in)voluntariamente pelo sentimento não se fazia perceber.

Conseguiu uma liberdade nova. E estava germinando uma semente nova. Num terreno que sempre foi novo. E que continuava sendo. Encarar a si mesmo tinha sido uma aventura que ele nunca aceitou. E até o nunca sempre acaba.
Como o pra sempre que não existe e que ele acredita que pode existir, ele aceitou o desafio e mergulhou, foi muito fundo, tão longe e escuro e gelado que parecia por fim, ter tocado o solo submarino.
E a areia era fina, e fria, e pálida. E ele pode sentir a âncora, inteira, gigante, chumbo escuro, pesando, e estava como que se definindo, aquelas correntes natas, pretéritas, firmadas pelo tempo, que tinham raízes umbilicais com o firmamento ao avesso, estavam ao seu alcance.
Ele tinha ganhado um instrumento que nunca teve, e graças ao apoio ele chegou no fundo, e conseguiu perceber os traços, as cores, e se colocou permitindo a sentir.
Ele não tinha a mínima idéia do que fazer agora.
Não tinha caminho.Não sabia da chave, nem do instrumento, tampouco da capacidade e da força necessárias pra romper o céu que era ele e o englobara, sempre. Haveria um cadeado ou era orgânico, a âncora era parte indivisível, indissociável?
Um firmamento liberdade-prisão, uma ajuda parcial-cooperada, uma interrogação franca e sincera. A batalha ímpar dele. E a memória de um sol nunca visto, a lembrança de um calor nunca sentido. O reservatório de tristeza, que em lágrimas ainda não choradas, espera por se abrir. Como dique, vertente, rio, córrego, riacho, cachoeira, verão verde, gelatina fluida, libertação. Medo da dor que sempre (im)pediu a vida. Dor da tristeza. Tristeza da dor. Semente.

Germinar

Um comentário:

Juliana Dal Sasso Vilela de Andrade disse...

(L)
você, como sempre, escreve por mim o que eu não consigo arrancar sozinha... demais.