24 de abril de 2009

Eu não sei o que escrever agora. E eu sinto uma necessidade incomensurável de fazê-lo. É como uma primavera inteira esperando por florescer, em cada jardim, nas avenidas todas, em cada botão de rosa, ansioso, curioso, impetuoso por desabrochar por inteiro. Como uma nuvem carregada de chuva, pronta pra chover toda a água, que há tanto carrega. Como uma semente que vê sua hora de germinar chegar e coloca sua raiz pra fora em busca de nutrientes e vida. Existe alguma coisa pendente no vento, como se o ar tivesse uma mensagem oculta mas sensorialmente perceptivel, carregado de impressões respiro-o, e acabo sorvendo a mim mesmo em cada inspiração, expirando vejo que já estou dentro de mim, procurando às vezes, pra não confessar que sempre, aquilo que estou à espera. E isso me atenua, me abrevia, me arrefece, me introjeta transformando. Porque eu não sou mais eu mesmo e quem trouxe isso foi você. Você me legou uma incorporação que marca pelo impressionismo e pela verdade. Simples e trivialmente adjetivando me perco quando sinto a tua presença. Minhas palavras se esvaem e eu fico atordoado e perdido como quando se levanta atrasado e se sabe que perdeu alguma coisa imperdível. Como quando está-se no melhor lugar pra ver um apoteótico momento ou quando assite-se ao desfecho de alguma coisa que esperou-se em demasia. As notas que escuto agora complementam cada letra que deixo aqui, porque como emblemas, tornam distintos meus entimentos. Esse é aquele em que eu descortino a magia que me tramou e que me teceu, numa só nuvem, num só céu, que agora onipresente existe sozinho porque não restou mais nada de antigo no firmamento, e tudo foi varrido pela tua aurora e cada pedaço do azul está aguardando pelo teu brilho e pela tua presença singular e coroada de predicados.

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