É como a tentativa de acertar a bola na cesta e fazer os pontos finais, do segundo tempo de um jogo que define toda a rodada, e você não pode perder a oportunidade essencial e final de fazê-lo e vencer a partida. E você não tem a perícia esperada, nem talvez está no momento certo da sua vida, mas o time todo e a torcida inteira da arquibancada acredita que nos próximos dez segundos teu braço vai enquandrar a bola no ângulo perfeito e ela vai descrever um arco simétrico à cesta e então os pontos vão ser feitos e todos vão correr pra te abraçar e a arquibancada, em saltos, vai fazer a festa do ano porque o time está sem vencer um campeonato há muito tempo. O problema é que tudo isso pode bem ser só fruto de uma das possibilidades dos próximos segundos porque se o time, e a imprensa e a arquibancada toda soubesse, o que realmente acontece na cabeça e na vida daquele jogador que agora pega a bola com as mãos e que olha pra cesta e faz cara de concentrado, e no momento em que ele ergue as mãos e mira a cesta e dribla o adversário e todos imaginam que a seguir vem o ponto necessário acontece que o jogador não sabe mais. E eu queria que você soubesse que eu não sei jogar bola, tempouco acertar a cesta que vence e decide o campeonato e por isso eu não sou alguém pra alguém porque toda a minha arquibancada e a imprensa e meu time no fundo não conseguem enxergar quem eu realmente sou, e naquele segundo o jogador largou a bola e calando o estádio não mais pelo suspense e sim pela surpresa, e aos olhos incrédulos dos flashes e do seu próprio time se retirou da quadra para o corredor escuro e pensante do vestiário pra onde sempre as dúvidas caminham e se vão. E é como um fim de tarde gelado e nublado e quieto, com um vento cortante que não te deixa saber como realmente está a temperatura e o que os próximos segundos te reservam.
22 de agosto de 2009
12 de agosto de 2009
Eu pensei em vários começos diferentes e tenho várias frases soltas que mais parecem aquele quebra-cabeças insolúvel dos tempos da escola porque alguém sempre perdia uma peça. Eu faço gosto de dizer que esse texto mais parece uma colcha de alguma coisa que é mais do que retalhos porém eu não sei bem do que esse proto-mosaico é feito. E como naquele pôr-do-sol lá do norte mais longínquo e da ponta do fim da terra, e como aquela noite em que você me atrelou à minha pena, ou em que você partiu meu coração por não ter olhado pra fora, ou em que você foi a pessoa mais corajosa do mundo ou em que você foi um sonho materializado em vida. Pra você eu queria dizer que eu te amei como nunca mais acho que vou gostar de ninguém, toda vez que te vejo tenho vontade de te dizer que te acho super especial e tenho vontade de te pedir um abraço. Pra você quero dizer que eu gosto tanto de ti e de uma forma tão paradoxal, que eu desisti de decifrar o porquê e o quê você representa pra mim. Pra você eu quero dizer que foi muito bom a gente ter se descoberto e ter vivido uma etapa tão nova e bonita, e eu sei que talvez você nunca entenda mas eu me sinto em paz comigo por ter me respeitado quando eu achei que era hora. E pra você que talvez nunca leia isso, eu queria dizer que às vezes quando você perde, você ganha. E que eu queria que você soubesse que você foi aquele irmão que a vida me deu e que apesar de isso parecer ser a mais batida das expressões só a franqueza da simplicidade desnuda o que pode ter se operado por ti. E eu queria que você soubesse que nada mais importa além de que acreditar nos sonhos é fazer a vida valer a pena. Hoje eu queria que você soubesse que é como quando você mergulha na água e não sabia da temperatura nem da profundidade, e que só quando a gente se legenda sem anteparos a gente se enxerga no espelho. Só o tempo conseguiu me dizer da verdade, e aquela brisa rosada nunca mais vai me deixar esquecer que a imperfeição é minha sina e que estou inevitavelmente condenado à vida.
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