É como a tentativa de acertar a bola na cesta e fazer os pontos finais, do segundo tempo de um jogo que define toda a rodada, e você não pode perder a oportunidade essencial e final de fazê-lo e vencer a partida. E você não tem a perícia esperada, nem talvez está no momento certo da sua vida, mas o time todo e a torcida inteira da arquibancada acredita que nos próximos dez segundos teu braço vai enquandrar a bola no ângulo perfeito e ela vai descrever um arco simétrico à cesta e então os pontos vão ser feitos e todos vão correr pra te abraçar e a arquibancada, em saltos, vai fazer a festa do ano porque o time está sem vencer um campeonato há muito tempo. O problema é que tudo isso pode bem ser só fruto de uma das possibilidades dos próximos segundos porque se o time, e a imprensa e a arquibancada toda soubesse, o que realmente acontece na cabeça e na vida daquele jogador que agora pega a bola com as mãos e que olha pra cesta e faz cara de concentrado, e no momento em que ele ergue as mãos e mira a cesta e dribla o adversário e todos imaginam que a seguir vem o ponto necessário acontece que o jogador não sabe mais. E eu queria que você soubesse que eu não sei jogar bola, tempouco acertar a cesta que vence e decide o campeonato e por isso eu não sou alguém pra alguém porque toda a minha arquibancada e a imprensa e meu time no fundo não conseguem enxergar quem eu realmente sou, e naquele segundo o jogador largou a bola e calando o estádio não mais pelo suspense e sim pela surpresa, e aos olhos incrédulos dos flashes e do seu próprio time se retirou da quadra para o corredor escuro e pensante do vestiário pra onde sempre as dúvidas caminham e se vão. E é como um fim de tarde gelado e nublado e quieto, com um vento cortante que não te deixa saber como realmente está a temperatura e o que os próximos segundos te reservam.
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