12 de setembro de 2010


É como se você tivesse desnudado todas as minhas fantasias, devassado todos os meus sonhos, invadido todos os meus asilos, violado todos os meus segredos. Meu consentimento é tão teu que já não o elaboro como propriedade individual. Eu sou repartido de uma forma dupla e compartilhada que me amedronta pela integridade, amplitude e forma implacável com que é feita. O que eu nutro por você é tão absurdamente claro e lúcido que o tempo só tem determinado uma acuidade visual ainda mais perfeita e precisa, não existem mais borrões, névoas ou incertezas. Minha definitividade nunca foi tão confortante e harmoniosa. E me descobrir par, dessa forma pura e inocente, me traz uma leveza e uma felicidade que, até então acostumado com o inverso, não sei lidar bem. Sinto nas veias e na pele e na alma o vento gelado e singular de uma praia vazia e ensolarada de inverno que só a gente pode visitar. Tua presença me concede vontades inéditas, valentismos juvenis, coragens que eu não sabia deter, dotado da capacidade de sentir, você me leva a experimentar e viver o mundo de uma forma tão integral e intensa que já não há mais margem pro medo do desconhecido, eu me sinto possuido pelo desejo de viver sem freios, espelhos e ameaças. O receio que persiste é o de eu, talvez, ainda me sentir ínfimo e inglório frente a imensidão da tua presença e do teu ser. Desaprendi a escrever porque não sei explicar minha completa e consciente e total entrega absoluta a você. E prefiro assim, antes o amor que as letras.

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