1 de outubro de 2008

Alguém ali


Um. Dois. Três.
Ele estava correndo. E enquanto se deslocava numa velocidade intensa, descomunal, percebia que as coisas estavam ficando menores, não propriamente pequenas, mas estavam menos destacadas, e ele correu muito e chegou num prédio antigo, como num sonho desconexo qualquer, edifício afim do dos filmes de aventura que se passam em cidades européias quaisquer, e o prédio era de um tom cinza mesclado misturado com um marrom escuro do tempo passado, e a porta era alta, e imponente e pesada, que ele teve vontade e necessida de tentar abri-la, e ele conseguiu, com uma facilidade que o deixou preocupado, não, não podia ter aberto como se não fosse nada.
A porta era tão leve que parecia suspensa no ar, e do outro lado ele avistou um salão imenso, e vivido, e colorido, e cheio de tanta gente que ele conhecia. Logo na entrada foi recebido com sorrisos, e acenos, e ele gostava disso, mas naquele momento ele não conseguia se prender a isso, ele precisava continuar, e lembrou que precisava correr, que tinha premência em seguir, no outro lado do salão iluminado estava a escada, e por um segundo ele pareceu sentir por onde seguir, e ele despedia-se de quem encontrava e corria, ganhou velocidade e se viu frente ao primeiro degrau, todos estavam ali no salão porém ninguém o mirava agora, ele não estava sob foco, e então deu o primeiro passo, assim, respirou fundo e deu o segundo, confiante, colocou o pé no terceiro, e sucessivamente em diante, até dar por si que estava subindo, e as vozes, a música, a luz do salão de entrada estavam ficando mais tênues, a cada centímetro de subida, e enquanto subia viu que era noite, que a lua estava cheia, e que a escada estava banhada por uma luminosidade macia, amarela, carinhosa, e que ele estava sozinho. A solidão que sempre lhe impulsionara a correr e a buscar companhia, freneticamente, loucamente, agora como imperativo determinava a seguir só, e as escadas se sucediam, e dezenas, centenas de retângulos de degraus sucessivos foram delineados por seus passos. E quando ele cansou, encontrou o topo, a escada acabara, em sua frente estava outra porta, dessa vez de dentro pra fora, e ela era tão alta, e tão imponente e tão linda que era mais especial que a de fora pra dentro, era diferente por fim, muito distinta de tudo que ele já atravessara. E a distinção lhe causou medo, no entanto curiosidade também, e ele resolveu estender o braço, e imprimiu energia, e a porta foi se abrindo. De forma segura, e gradual, a perspectiva e o vento tomavam conta de seus olhos, de seus ouvidos e de seu rosto, e de seus lábios, e orelhas. Sua face experimentava o céu do alto de uma noite de lua cheia. O vento era gelado e forte, e a vista era tão ampla e linda, que o novo o convidava a ir pra fora. E a área não tinha bancada, nem proteção, era um platô; como todos os de torres do relógio onde bonequinhos vestidos tradicionalmente a caráter avisam quando é meio dia e meia noite às suas cidades, sim, o ambiente lhe trazia a lembrança, a imagem de incontáveis desenhos e filmes que já tiveram como palco um espaço como aquele. Ele tinha medo do vento, da altura, e do novo principalmente. Quando começou a dar por si sentiu aquela descarga elétrica característica desses momentos ímpares, tinha alguém ali, não sabia quem era, mas havia. E ele olhou ao redor, e se viu sozinho, contudo tinha a impressão, tanto quanto da lua, do vento, e da visão panorâmica, que ele não havia chego até ali sozinho. A vontade de correr arrefecia agora, atenuava o turbilhão que antes o dominava, e a paz gostosa de sentir seu novo eu trazia o equilíbrio de um encontro com ele mesmo. Talvez havia sido preciso querer, talvez ele precisasse subir tão alto, e ir tão longe, pra encontrar de novo e pela primeira vez o seu novo si mesmo. A solidão só tinha lhe trazido pavor, -claro!-, só tinha lhe submergido em pânico porque ele nunca entendeu o que ele deveria sentir. Sempre houve alguém ali: ele mesmo sempre esteve ali, e ele nunca havia percebido.


'cause there's beauty in the breakdown

3 comentários:

Marina disse...

Zé, que lindo! Mas eu não esperava outra coisa de você e dessa tua sensibilidade que é latente para todos que estão a tua volta. Adoro vc!

E pode adicionar o Pispi no orkut, pq eu acho que ele tb temq ue gostar de ti, caso contrário ele não está mais aprovado!hahaha.

Beeeijos!

Marina disse...

Zé, que lindo! Mas eu não esperava outra coisa de você e dessa tua sensibilidade que é latente para todos que estão a tua volta. Adoro vc!

E pode adicionar o Pispi no orkut, pq eu acho que ele tb temq ue gostar de ti, caso contrário ele não está mais aprovado!hahaha.

Beeeijos!

Manu disse...

SEU LINDO! ESSE BLOG É QUASE TÃO LINDO QTO VC É! MAS VC CONSEGUE SER AINDA MAIS LINDO SUA FOFURINHA!