9 de janeiro de 2009


Sinto como se cada novo dia fosse uma nova chance não possível, como quando se convida alguém e sabe que esse alguém não comparecerá. As dúvidas que povoam cada pensamento são questionamentos de todas as ordens, múltiplas, reincidentes, de sortes pacíficas nos outros, no mundo. A busca pela satisfação dos sentimentos é uma batalha encerrada em si mesma porque não se há certeza do que satisfazer, em consequência de não se saber o que se quer realmente satisfazer. A insatisfação que motiva a raiva quotidiana que se morfa em tristeza reside no fato inquestionável e indubitável de uma realidade cruel e finita, limitada e pequena. Os limites sempre foram meu algoz mais impenetrável, invencível, intangível. O que espero se traduz pela não expressão, pelo que não digo, talvez pelo que nem sinto, porém pelo que espero. Não consigo mais escrever como eu gostaria, não consigo mais depositar nas palavras minhas dores, não, minha dor, porque apesar de latente e pontual, o sofrimento atinge o todo no âmago. Minha vida é a sucessão de novas esperanças falidas, de ilusões retroalimentadas e de sonhos que habitam do outro lado do limite. Sim, vivo na busca incessante por cruzar o limiar, por transgredir o imposto, por desafiar a sina do destino que me condicionou. Cada novo dia traz sempre as mesmas sensações. Às vezes mais intensas, às vezes mais tênues. Borradas ou não, sou como uma mancha que desbota e se renova sempre mais vívida, nova e intransigente. Como um botão de rosa que nasce, desabrocha e antes do ápice da plenitude da vida, regride, retrai, se encapsulando novamente, definhando folhas e caule, em semente.

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