7 de janeiro de 2009
Quando eu fui jovem a borda do horizonte era colorida, mesclada, amarelo-rosada, coloria o azul pálido que adormecia todo dia, no mesmo momento, em tempos diferentes. Tudo dentro dele era vulcão, instinto, urgência, tentativa, vontade, o desejo o consumia inteiro, e ele o alimentava como criação, elemento que mandava, guiava, sua ambição era desproporcional, sua inveja incontrolável, e sua ânsia por possuir e consumir a vida de seus sonhos tinha a dimensão de um céu inteiro, coroado por uma lua alva, brilhante, manchada, presente, imponente, quase-completa, parcial, incompletude que era como ele, pedaço de gente, meio sonho-meio ilusão. Emoções puras que implodiam, explodiam, misturavam, desciam e cresciam, subiam sem fim. A mesma espiral, temporal, do passado, as mesmas dúvidas, as mesmas questões, sempre o suspiro de incompreensão, a mesma interrogação que não o deixava tranquilo. Necessidades, incapacidade, falência da criatividade, da expressão, de comunicar, de endereçar, derrota do olhar, da coragem, da capacidade. Limites, barreiras, paredes, todas invisíveis, inorgânicas, imateriais, porém tão mais concretas que tudo que ele podia tocar. Correntes invisíveis, prisão inescapável, grades, céu do outro lado, mundo lá fora que convida e não recebe, desejo que não corresponde, que não lhe envia, visão quebrada, limitada, enclausurada, infinitas passagens sem saída, canto silencioso que atormenta, badalada que ressucita, pancada que desmonta. A tarde se deitava como quem foi sem querer, deixou-se perder, partir, e mais um dia cheio de coisas inomináveis se findava. O céu ainda estava borrado, tingido, aquarela celeste que inspira, natureza que brinda, conforta, som que leva dedo na tecla, emoção à tela, sonho pra fora, caminho nublado em que pisa ele.
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