O verde e o silêncio compunham um arranjo dúbio: a paz e a tranquilidade se entrelaçavam à solidão que vivia na borda, à espera de um convite para estar junto. Foram dias vendo a noite cair, o silêncio chegar na espera vigilante por todos, por eles. Foram tantos medos, e tantos receios, e tanto escuro, que estar sozinho era cruzada intransponível e traumática. Pavor dele, medo, dor. O céu estava muito mais azul do que sempre estivera, as nuvens estavam longes, e tanta coisa estava mais clara. O tempo passava e ia arrastando, levando com ele tudo aquilo que estava há muito estancado, parado, barrado, cedido. Palavras, letras, coisas soltas, tons que se acumulam, sons, batidas do coração, são nós na garganta e epifanias que traduzem sentimentos, sensações, que entregam ao mundo seus sonhos, devaneios, vontades, desejos de menino, homem, filho, ser humano.O mesmo verde e a mesma tranqüilidade agora se travestiam em novo caminho, em esperança de olhos arregalados, em vento que sopra rejuvenecido pelo alvorecer das novas chances, dos novos olhares, do querer novos amores, novas paixões e com aquele cheiro característico, fresco, convidativo de tudo aquilo que é novo. Poente que era simbólico de renascimentos precedidos de quedas, da sina que cumpre-se à risca. Água gelada que anuncia batismo, coração ritmado que se reconquista, fé na digestão do pretérito e nos encontros cheios de desafios do novo ano, música que conduz, inspira, encontro que aglutina, nota que pesa, que formata, amarelo que envolve, luz que cobre e engrandece, dourado que anuncia, areia que circunda.Respeito que é aprender, vontade de gritar bem alto, pro infinito, peixinhos, branco alvo, olhar cruzado, oceano, viver matizado em corpo, desenho, traço, encanto da vida. Sonho do conto de fadas ainda não vivido, da peça assitida, da atuação cativa no futuro. Vida viva que espera ansiosa por amor.
30 de dezembro de 2008
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