15 de fevereiro de 2009

Uma montanha-russa ao contrário, uma estação em que se embarca pra voltar, um vagão de cabeça pra baixo. Tudo aquilo que era pertinente à estação de trem estava do avessso, numa ordem inintelegível, aleatória, caótica e desordenada. Embrulhava o estômago dele ter que ver e presenciar. Sentia como se lhe colocassem uma mão dentro do peito, e lá dentro, era como se um punhal fosse descoberto, silenciosamente posicionado e então ele era rasgado por dentro, mutilado, não havia piedade alguma, não havia misericórdia nem redenção. A dor explodia dentro do seu peito e cegava sua mente, os gritos surdos subiam e desciam pela garganta e ele não conseguia ver mais nada, ouvir mais nada, sentir mais nada. As implosões não cessavam, se sucediam, demoliam cada estrutura, cada resistência, tijolo por tijolo dos muros pretendidos a proteger o castelo. A contradição de sentimentos o aniquilava, e cada segundo a diante naquela montanha-russa às avessas, era como um mergulho no vazio da ausência, da voz que não perpassa a boca, do lábio perdido no escuro, do sorriso que sempre oculta a lágrima. Eu não sei como, mas eu não queria ter olhado pra fora.

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