20 de março de 2009



Esse é aquele em que ele precisa deixar as palavras sairem, já que não podem de outra forma. A distância faz da percepção uma qualidade mutante. O espaço transforma a impressão, acentua o sentido, faz da ausência a presença invertida eterna da qual somos pacientes. Ele não sabia o que escrever, não sabia o que dizer, que palavras pronunciar. Porque a complexidade das pessoas às vezes era de uma demasiedade intragavel, inabsorvível, inassimilável. Ele queria que as coisas fossem mais simples, mais claras, mais sinceras e verdadeiras. Ele queria dizer que as coisas não precisavam ter que ser assim. Pessoas não são objetos, brinquedos, peças de um jogo de montar. Naquela manhã tudo tinha sido tão perfeito e tão brilhante que o tempo poderia ter congelado e se perpetuado sempre assim. Não que não devesse cruzar a linha cronológica arrastando e levando as coisas e remodelando, tudo, num ritmo novo e intenso. Ele queria dizer que esperava ,sim , o melhor das pessoas. Ele queria dizer que acha que afeto existe, que lágrimas talvez não adiantem, e que não há falta na ausência. Ele queria deixar claro que poderia estar tudo certo. Mas que não depende só dele. Você sabe disso. Não existe controle. Segurança é ilusão. As palavras o abandonavam no mesmo ritmo em que um mar de sentimentos e letras o envolvia. Olvidar é cruzada. As perguntas, todas, as verdades, meias, as omissões inteiras, as mentiras partidas O caminho entrecruzado de sempre. A espera de quem se deixa afetar, eis de onde vem afeto. Ele queria sinceridade e verdade. Porque esperança é fé e amizade é amor.

Nenhum comentário: