13 de março de 2009


Eu estava sentado num banco plano, preto e macio, com uma meia luz amarelada, e macia, sob um chão de porcelanato, branco, perolado, quase na troca de um dia pro outro, num ambiente amplo e agradável, e eu estava ouvindo a voz que me suspendeu do meu sono, e que por conseguinte me legou a abertura dos meus olhos pra vida. E a voz me dizia, com todas as letras que uma pessoa pode dizer, que tem pessoas que não sabem enxergar o outro, que tem gente que acha que as outras pessoas não podem ser melhores do que elas ajulgam que elas são, que as pessoas tem histórias, sentimentos, uma vida inteira, e que as pessoas podem sim, se importar com as outras e lhes querer seu bem. Nessa hora eu parei. Quer dizer, não sei. Acho que eu acelerei tanto que eu morri e nasci ali, de novo, pela centésima vez nessa vida, mas foi diferente porque naquele mesmo instante eu acordei diferente. Eu tenho a estranha mania de acreditar no melhor das pessoas. Eu acho que eu sou assim porque eu tenho um coração, bom, e agora, mais do que nunca, eu percebi isso, e essa minha característica, ingênua, romântica, sonhadora, explica muita coisa, de sempre, da minha vida toda. E eu levei a voz até o seu destino, e eu a ouvi por todo o percurso, e ela me disse tantas coisas legais e bonitas que eu cheguei a mais conclusões que não são definitividades: são as impressões da vida em mim, eu sou marcado pelos sentimentos e pelas vivências do meu trajeto. Eu amo as pessoas. Muito. E eu queria dizer às vezes eu sou tão feliz por causa delas que eu não acredito que essa é a minha vida. Mas é. E acabou essa história de dizer que o que eu vivo não existe, que nada disso é real. Sim, isso é sério, existe, e isso, pra mim, é viver.

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