12 de maio de 2009

São todas as nuvens misturadas como todas as cores juntas. É como quando se olha pro alto e se vê aquele céu perfeito e não se acredita que aquela perfeição toda pode ser real. Perfeição dói como tudo aquilo que nos alcança lá no fundo, no que temos de mais frágil e sensível, porque é algo da ordem da intangibilidade, ou da não-concretude. Imagine uma sala escura, imagine a ausência de luz, imagine uma missão a ser cumprida -algo como definir cores- e agora lembre-se que você é cego. Existe sempre alguma coisa suspensa no ar. Há uma fragrância indefinida, uma sensação não nomeada, um sentimento dissolvido, uma pretensão solta. Todas as palavras não encontram correspondência e ordem porque por enquanto não existe coordenação do lado de dentro de mim. É o não-saber que opera de dentro pra fora sob o signo da mesma estrutura que se montava à espera do melhor momento, da melhor terra, pra melhor semente, que merece crescer como melhor árvore, e que vai fazer muitos anos de vida porque merece muitas faixas e balões coloridos e intensos porque tudo isso cheira felicidade. Os ponteiros dos relógios todos, por toda a parte, trazem uma mensagem solúvel e que lembra alguma coisa parecida com adstringência. As nuvens coloridas naquele céu poente tentavam traduzir a infertilidade dos meus esforços por tentar me fazer legendar. E esse é aquele que me diz que palavras são palavras e que tudo aquilo que eu sempre achei que fosse era.

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