20 de maio de 2009
As folhas sem vida desciam sobre minha cabeça leves como o vento. Uma a uma iam se perdendo pelo chão, e quando eu pecebi estava rodeado por todos os lados por pedaços do que já havia sido a árvore mais alta que conheci. Naquele dia eu pude notar que o que me faltava era o que mais me compunha. E é como quando se está na praia num dia de inverno e se pisa na água gelada e se sente o arrepio percorrer toda a sua pele, e o mar está revolto, e nem o chão, nem a areia, nem as estrelas nem concha alguma se pode ver olhando, porque a água está turva como o céu mais nublado da estação. Todas as minhas marcas, todos os meus traços, todas as cicatrizes que eu carrego ficaram expostas porque eu fui descoberto pelo vento que veio na hora precisa. E esse é aquele em que eu me despeço daquilo que habitava em mim e de quem eu achava que estava sendo, porque hoje enfrentei meu fantasma e quando me olhei no espelho pude vê-lo, por inteiro, à espera. E toda a luz que você me ofertou desintegrou as últimas correntes que me prendiam ao reflexo, e porque eu tenho certeza de onde vim agora. Eu queria que você soubesse que os bons nunca se rendem porque cada um de nós tem o dever de ser herói da própria história, e se eu aprendi alguma coisa contigo foi a de que nunca é tarde pra se ser quem realmente a gente é. Todo o meu respeito e minha admiração se transvestem em felicidade e radicalismo porque só a inversão mais apoteótica, singular e especial que a dialética pode ofertar explica o que eu sinto agora.
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