18 de setembro de 2009



Algumas considerações sobre você e eu. Nós temos um segredo em comum. Nossas semelhanças nos unem. Somos muito diferentes porém muitas vezes me vejo em você. Estamos sempre brigando conosco mesmos. Descobri que gosto de você do jeito que você é, por que isso é gostar de verdade. Sinto falta de ter você por perto, de poder me dividir contigo, de poder te ouvir, te ver, eu sinto falta da tua presença na minha vida porque eu gosto de você. Eu sempre gostei muito de você. Vivemos histórias entrecruzadas que se assemelham às vezes. Não tenho ninguém com quem conversar sobre você, a tua relação comigo é a única que nem meus amigos, nem meus pais, nem ninguém tem conhecimento, nem opinam. Eu sempre banquei você, desafiei todos e a mim mesmo por ti. Todas as vezes que converso contigo meu corpo treme e eu me sinto alterado. Eu não sei quem você é por completo. Meu medo gigante é da nossa aproximação. Eu sinto falta de uma reciprocidade contigo. Eu nunca te entendi tanto quanto hoje. Eu tinha muitas considerações pra te fazer. E a maior delas talvez é que quando se trata de você sempre se tem alguma coisa a dizer. Você nunca se esgota, nunca se acaba, nunca arrefece, nunca esvazia. Muito daquilo que eu escrevo sempre foi pra você ler. Eu penso em você muito. Gostaria de ter você do meu lado pra me acompanhar em muita coisa que eu vivo. Sempre quis que você fizesse parte da minha vida. Sempre me sinto bem quando estou ao teu lado. Quando estou na tua presença me sinto confiante, forte, altivo. Você é aquela pessoa que me fez várias vezes querer saber o porquê das coisas. Você sempre me ensinou muita coisa que ninguém mais ensinou. Ninguém substitui a tua presença porque você é inesquecível. Ninguém se assemelha a você porque você é, na tua possibilidade material, autêntico. Eu não sei o quanto nem como, nem certeza absoluta da amplitude possuo, mas tenho consciência plena de que quero o teu bem. Se eu pudesse passaria muito do meu tempo contigo e na tua companhia. Você exerce em mim uma repetitividade óbvia e explícita que ninguém mais exerce. Eu me sinto preso por você. Queria muito que eu pudesse saber até onde você vai. Meu temor dos dias seguintes é sempre de uma ansiedade que não me deixa tranquilo, e me sinto sem sossego porque gostaria muito de saber até onde você vai com aquilo que te confidencio. Nos confidenciamos muitas coisas e eu sempre me sinto cúmplice teu, apesar de que, infelizmente na maioria das vezes só você é meu. Queria ser teu cúmplice também. É um cárcere não saber o quanto você gosta de mim; e se você gosta de mim. Passei horas incontáveis contigo e tenho vontade de repeti-las todas porque apesar de todos os pesares e de toda a minha insustentabilidade perante ti eu me sinto feliz contigo. Eu me sinto diminuido, fraco, submissso e subserviente também. Nunca te pergunto nada não é pra não ter que ouvir o que eu não quero, é pra não te conhecer mesmo. A inversão paradoxal do querer estar perto de você sem te conhecer é algo que me fascinou. Você me fascina pela complexidade simples indecifrável, pela capacidade humana e frágil inarredável, você me congela pela frieza quente da conduta, teus mecanismos psicológicos de tentativa de controle me sufocam porque você não se abre pra sentir e se dizer aquilo que a gente precisa que seja dito. E nisso eu sou como um espelho. Eu queria que você conseguisse entender aquilo que nem eu mesmo entendo. Eu sempre quis entender porque eu gostava de você, mesmo você sendo comigo quem você é e muitas vezes agindo comigo como você age. E o fato é que eu te amo porque você é quem você é. Apesar de não saber quem você é ao certo. Você representa pra mim um triunfo sonhado, a espécie de idealização ambiciosa que você sempre me imputou. Eu tenho vontade de passar horas e horas discorrendo e falando. Uma sessão é quase nada perto de uma vida de pensamento e tentativa de entendimento. Queria deixar algumas coisas claras, translúcidas, quero muito que você faça parte da minha vida por que eu gosto de você. Das dezenas de vezes que viajei pra casa e das semanas em que fiquei lá sempre fiquei esperando por ter a oportunidade da tua companhia. Hoje me sinto sóbrio o bastante pra te dizer que tudo que venho sentindo e pensando é fruto de um amadurecimento terapêutico de meses. Eu quero te lembrar que de certa forma nós estamos no mesmo barco e foi sempre assim que eu enxerguei a gente. Pode ser mesmo que todos os meus medos se confirmem e você não seja quem eu espero que você seja, ou pode ser que você seja exatamente igual a quem você não deixa que os outros vejam mas você é ou o inverso, não sei. Independente da resposta meu maior e derradeiro pedido é que comigo você seja aquele eu que você gostaria de ser, ou então, que você seja por inteiro e integralmente quem você é por que sou a partir de hoje contigo quem eu quero ser.

Nenhum comentário: