25 de abril de 2009
Existe alguma coisa no céu que me encanta. Sinto que o azul do firmamento e as estrelas, e as nuvens, todas, das cores mais diversas, tudo que é celeste prende meu olhar e me tira o fôlego numa sequência que não encontra mais fim. É como quando se está na praia à espera do fim das ondas, numa ciranda que obedece a sina de esperar a vaga melhor por partir, porque você já não sabia mais pra onde ir e agora mesmo é que você tem certeza disso. Existe alguma coisa suspensa no ar e eu acho que ela exala alguma coisa que me lembra liberdade, ou a vontade de ser. Existe uma nota que soa intermitente dentro de mim e que ecoa pelo vento como quem leva a semente que vai desabrochar e nascer árvore um dia, e que está à procura da melhor terra, pra melhor semeadura, e isso depende da força do vento e da sorte da semente. Eu sinto que existe uma casca quebrando, aos poucos, existe alguma coisa a ser dissociada e é aquilo que eu mesmo quero que seja feito em mim. Eu preciso do desprendimento definitivo daquilo que me traz a tristeza e o medo, de todas as sortes, daquela solidão-âncora em terra firme e de todas as decepções possíveis que eu tenho medo de viver. Porque esse é aquele em que eu somo em adição ao que eu escrevi e apaguei outro dia, e porque eu quero te entregar aquilo que eu tenho de melhor, na condição mais especial, no momento ideal, na sintonia mais perfeita que minha imperfeição pode gerar sendo quem sou. E eu queria que eu mesmo soubesse o que é que tem acontecido comigo, porque aquela estranheza parece ser teimosia, e isso é tão bom que hoje eu sinto como se há muito eu tivesse perdido alguma coisa e parece que eu encontrei. E ela tá insistindo em ficar, e o céu continua me atraindo, com aquela força que me hipnotiza e me satisfaz, parcialmente, porque eu ainda não me sinto desacorrentado completamente das correntes todas que me ligam ao tempo, porém eu acredito que a chave de cada cadeado vai chegar a tempo, e se eu conseguir sair daqui pra não chegar tão atrasado naquele dia, eu tenho certeza que o céu vai me fazer sentir, pela primeira vez, que eu consegui ser o garoto que eu me tornei.
24 de abril de 2009
21 de abril de 2009
Esse é aquele em que eu tento dividir o que pode ser indissociável e insolúvel. Eu não estou entendendo bem as coisas é isso não deveria ser novidade. Na verdade as coisas são bem mais simples do que podem parecer, é como a neve derretendo numa manhã de inverno ensolarada, virando água e escorrendo pela calçada, evaporando em seguida quando encontra o asfalto quente fervendo por causa dos pneus cheios de pressa dos carros cheio de pessoas cheias de vontades de coisas diferentes. Um dia você apareceu e eu não sei se você sabia mas eu estava à sua espera. E isso significa que mesmo sem saber eu estava enchendo o armário me preparando por você. E eu cheguei num momento agora que é o de uma encruzilhada, na verdade minha vida marcada e dividida sempre foi cheia de descaminhos, desncontros e desventuras em série e sequência que se um dia eu tiver a oportunidade de dividir com você eu sei que você vai concordar comigo. Existe uma coisa ainda mais especial em tudo aquilo que eu queria dizer pra você, eu acho que existe alguma coisa em mim que existia antes e que eu nunca tinha notado. Eu queria que você soubesse que voce me trouxe uma espécie de liberdade diferente, que eu nunca havia sentido, que eu me desprendi de alguma coisa desde que você chegou e eu ainda não tive tempo pra ponderar mas eu acho que foi bom. E um dia eu achei que tudo isso era possível e pode ser que não venha a ser. Em verdade eu afirmo que tudo aquilo que eu sempre achei que fosse: era. E eu não tenho mais certezas porém estou cheio de impressões. Tingidas, bordadas, esculpidas. Quem sabe tenha sido tudo materialização espiritual, condensação do intangível, molde dos meus sonhos. E mesmo que seja apenas objeto da imaginação eu queria que você soubesse que eu estive de bem com as coisas, e que isso sim, é novidade. A confusão leve e persistente que encontra-se em cada extremidade de mim, agora divide espaço, em cada célula, com uma sensação engraçada e carinhosa. Eu não sei porque eu gosto, nem quando foi e nem quanto vai durar mas eu sinto que pode ser de verdade. E isso me impressiona pela forma explícita, pela transparência e pela felicidade que eu venho sentindo.
17 de abril de 2009
5 de abril de 2009
Esse é aquele em que a noite é a verdade. Era uma vez um lugar, e nesse lugar existiam pessoas. Aquele não era um lugar qualquer, cada indivíduo tinha um recorte do espaço e podia utiliza-lo como bem entendia, de praxe, cada pessoa construia uma edificação no recorte que lhe era concedido. Dentre aquele mosaico pequeno e limitade existiam algumas pessoas especiais. Dois vizinhos se conheciam desde que se entendiam por gente, no entanto, nunca haviam trocado mais que meros instrumentos, um dia, com o passar do tempo, eles ficaram adultos o suficientes para proceder com a costrução, que começava para cada um, em ritmo mais lento, desde seu primeiro dia de vida. Em frente a cada obra havia um anteparo, branco, que escondia toda a obra, pois o segredo, diziam, era que nunca nunguém soubesse como e o que estava sendo construído, apenas pouquíssimos e rarefeitos indivíduos conseguiam permissão de alguém para perpassar, transcender, e adentrar por sob o anteparo. No entanto, às vezes, em determinada época do ano, numa hora específica, e singular, a luz da estrela que banhava aquele lugar incidia na obra por um ângulo ímpar, e a sombra projetada sobre o anteparo, nessa conjuntura, era única e latente. Nesse dia, um dos vizinhos estava passando pela calçada quando olhou para aquele anteparo, e naquele momento ele teve certeza, absoluta, que ele precisava conhecer aquela obra, porque ela tinha muitas coisas que lembravam a dele, a fachada, os contornos, a tendência, o porte, a genialidade, o brilhantismo, tudo erigido sob o signo de uma sobra cintilante, num segundo revelador. Com o passar do tempo os vizinhos acabaram se conhecendo e um dia aquele que havia visto o momento ímpar pediu para adentrar o limiar, e o outro só aceitou com a condição de que precisaria visitar a obra do outro primeiro. Pois não, o vizinho entrou na construção ao lado, revirou cada pedra, teve acesso a cada escada, visitou cada cômodo, sublinhou com a mente cada afresco, memorou salientando cada coluna. Depois disso o vizinho que abriu as portas de seu maior segredo pediu para ter acesso, enfim, a construção do outro, e aí o que se sucedeu foi uma intensa tormenta do destino. Enquanto se dirigiam ao outro anteparo o céu nublou, escureceu, as nuvens enegreceram e os relâmpagos começaram a soar, o ventu surgiu numa velocidade assutadora, e quando eles adentraram pelo limiar, o vizinho antes cheio de curiosidade e expectativa percebeu que a maioria das portas estava fechada para ele, que as escadas estavam bloqueadas, os acessos trancados e que apenas algumas áreas estavam abertas a visitação. Tempos depois o vizinho que havia aberto as portas do seu edifício percebeu que muitas outras fachadas de outros lotes de outros vizinhos estavam cheias de suas idéias, que os interiores secretos e sigilosos que ele havia repartido de todo o seu coração haviam sido violados, maculados, e ele se perguntava o porque desse desastre. O porque de uma visita que levou consigo seus sentimentos, seus segredos, seu trabalho, árduo, de construção de uma vida toda. A dúvida do porque seu vizinho-exemplo-herói-afeto havia feito isso com ele.