28 de maio de 2009


É a maior morte estelar que vou ter que viver. É a plêiade mais cintilante e singular que vou ter de abandonar porque já não consigo mais conviver com sua luz e porque ela me ofusca tanto, e me cega, e me perturba ao ponto de eu perder todas as direções, e todos os sentidos . E por eu não querer mais me sedimentar devido a força da sua luz, e de toda a sua perfeição, que eu me despeço do céu da noite, daquela estrela mais brilhante porque não tenho mais tenacidade, nem força nem nada do que se aproxime ao que já me sustentou, porque aquele brilho é tão intenso e devastador que todas as minhas bases e meus fundamentos foram incinerados e depois o que não foi consumido pelo fogo foi pulverizado pelo choque que sinto com a realidade quando estou perto de você. Eu preciso deixar de olhar pro céu porque a intangibilidade, tanto da perfeição quanto do sentimento são verdades que me desmantelam e me desconstroem. E é como quando uma onda no fim do dia chega firme e leva embora o castelo mais alto e mais pleno da praia porque uma hora ou outra ele voltaria a ser só areia e é função, indissociável, do tempo, levar tudo aquilo que não pode ser pra sempre embora. E esse é aquele em que sucumbo, me curvo, e me rendo ao brilho e a força de tua luz, porque já não consigo mais sobreviver sob tal intensidade e porque preciso voltar a ser, com a urgência de quem luta pela própria vida, aquele pedaço de uma constelação menor na busca pelo avançar do tempo, pra que um dia, eu possa vir a ser, então, tão especial e perfeito como todas aquelas jóias ímpares do firmamento.

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